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Cora Ronái - A Cidade Sufocada - favor ler o texto e a caixa de comentários.
Posted on 02/16/2007 | Permalink | Comments (0)
Grande tumulto em várias listas de tradutores onde participo. Várias pessoas - no Brasil e no exterior - informam que suas contas no GMail (e Orkut) foram sumariamente canceladas, sumiram do mapa, assim sem mais nem menos. O Google não dá explicações, só manda esta cartinha como resposta para os que perguntam o que aconteceu com a minha conta?
Hello,
Thank you for your report.
We have investigated this issue, but because the results were inconclusive, we're not able to provide further assistance.
Gmail takes the privacy and security of our users very seriously. For this reason, we can't reveal any further information about this account.
We apologize for any inconvenience this may have caused, and thank you for your cooperation.
Sincerely,
The Google Team
Embora entenda a irritação coletiva e esta carta seja a coisa mais besta deste mundo para se enviar a um usuário furioso, convém lembrar que o GMail ainda está em fase Beta. Ou seja, sujeito à encrencas de todos os tamanhos, fomatos e cores. Portanto, se sua conta no GMail é muito importante para você, é bom saber como fazer uma cópia de segurança. Seguro morreu de velho.
Posted on 02/14/2007 | Permalink | Comments (2)
Não tenho condições de agradecer pessoalmente a todos os que enviaram emails particulares e aos escreveram na caixa de comentários, que Jorge administrou esta semana, e deixo aqui o nosso sincero muito obrigado. É reconfortador saber que há quem entende o que é amar um quadrupedezinho com todo o coração e ler os depoimentos de quem passou pelo que estamos passando teve efeito terapêutico.
Já não choro tanto, mas ainda estamos muito tristes e magoados com a ausência dela.
Guardamos tudo - pentes, tigelinhas, coleira - longe dos olhos, longe do coração. Não é o que se diz? Mas ainda somos freqüentemente enganados por pequenos ruídos vindos de fora ou dos outros apartamentos, que confundem nossa memória e lembram miados, movimentações de patinhas, etc.
A verdade é que os hábitos desenvolvidos em 17 anos de convivência não desaparecem assim rapidamente. Os pequenos detalhes amorosos que são acionados pelo piloto automático, como entrar em casa e procurar ver onde ela está, sempre olhar para o local onde ela dormia para ver se ela está bem, ou pensar em verificar se a tigelinha tem água suficiente. Quinta-feira, depois de descongelar o frango, coloquei o sumo em um pratinho e só quando estava saindo da cozinha, prestes a levá-lo até ela foi que lembrei que a ação era inútil. É um processo lento este, e muito desgastante.
Mas, para mim, o mais doloroso de tudo é não ter Teresa ronronando pendurada no meu ombro ou no meu colo, enquanto trabalho. A falta física que ela me faz torna o ato de sentar e trabalhar uma atividade tremendamente desgastante. Tenho ido dormir às 9 da noite. Exausta. E quando durmo tenho sonhos perturbadores, repletos de simbolismo, que oferecem pouco repouso à mente.
E ambos temos que lidar com uma casa que está "vazia". Sentimos falta de algo.
É impressionante como uma coisinha tão pequena ocupava tanto espaço...
Posted on 02/12/2007 | Permalink | Comments (10)
Vispa Teresa di Borgo Ala - 24/03/1990 - 02/02/2007
A primeira vez que vi Teresa ela saía do meio de uns arbustos, seguida de perto por seus irmãos, em um lindo jardim de uma casa em Baldissero, uma cidade nas colinas perto de Turim, onde eu então morava. Teresa tinha 4 meses, uma bolinha de pelos espetados onde tons de azul e creme se misturavam deixando-a com uma coloração indefinida. Um ferimento na vista direita a eliminou da venda para criadores e foi assim que o Destino a colocou nas minhas mãos. Na testa, sua marca registrada, um triângulo creme invertido que sempre me lembrou da tiara da Mulher Maravilha. E Teresa merece ser chamada de "gata-maravilha". Doce, meiga, educada. Uma dama comportadíssima e elegante mesmo quando pequena. Desde que a peguei no colo pela primeira vez passou a ser a minha sombra. Uma fiel dama de companhia de quatro patas, cujos pelos longos e armados lembravam uma saia de várias anáguas. Andava atrás de mim o tempo todo, com a cauda bem empinada, com se fosse um estandarte medieval. Conversávamos sem parar, e brincávamos de esconde-esconde pelo menos uma vez por dia. Esparramava-se em cima dos dicionários enquanto eu trabalhava. Sentava-se no meu colo para ouvir música ou ver TV. Batia de leve com a pata no meu braço quando queria cafunés. Adorava ouvir filmes em italiano, mexendo as orelhas para lá e para cá. Dormia em cima da minha cabeça ou deitada no travesseiro ao meu lado. Perdi a conta das vezes que acordei toda suada porque ela estava enrolada na minha testa tal qual um gorro de cossaco russo.
Há 15 anos, Teresa foi o único - eu disse o único - bem material que trouxe comigo depois que meu primeiro casamento, de 12 anos, terminou em um divórcio nojento, do qual sai somente com ela debaixo do braço. Fomos morar, literalmente com uma mão na frente e a outra atrás, em uma quitinete no centro velho de São Paulo, na Rua Dona Veridiana, tendo prostitutas e travestis como vizinhos e nada além de um colchão de solteiro no chão. E não tenho nenhum pudor em dizer que se não fosse por ela, se não tivesse a responsabilidade de levantar da cama para cuidar dela, se ela não me fizesse rir com suas piruetas e macaquices e se não me desse inúmeros "beijinhos" esfregando carinhosamente o nariz minúsculo no meu, eu teria morrido de depressão e de tristeza naquela época. Quando ficava deitada à noite, olhos arregalados presos ao teto, sem saber como, quando ou se iria me recuperar emocional e financeiramente, um pequeno e suave motorzinho ronronante abafava o som violento da minha taquicardia e me fazia dormir. Eu devo minha sanidade mental a esta gata. Foi a existência dela na minha vida que transformou o que seria voltar para uma casa vazia depois do expediente em voltar para um lar.
E foi essa gata que esteve ao meu lado por 17 anos passando pelo bom, o ruim (quando por meses o dinheiro só permitiu compartilhar a mesma monótona refeição - um copinho de Miojo) e pelo excelente pois viveu o suficiente para conhecer Jorge e sentir o sol e o cheiro da maresia de Floripa.
Teresa faleceu hoje, às 14h40. Pude ouvir meu coração trincar de dor. Sentirei uma falta imensa daquela carinha amassada que, debaixo do ar severo e sisudo, escondia um interior de ouro.
Quem nunca amou um animal de estimação não vai entender jamais a sensação indescritível de perda. Os que lêem isto e fazem parte da irmandade de seres humanos que sabem o que é entregar seu coração a uma bolinha peluda sabem ao que me refiro.
Vou me afastar do blogue por alguns dias, para dar um repouso à alma e ao coração.
Posted on 02/02/2007 | Permalink | Comments (15)