A frase que melhor define o documentário “Língua – Vidas em Português”, que estréia hoje no Rio de Janeiro e dia 5 em São Paulo e outras capitais, é dita no filme pelo escritor moçambicano Mia Couto: “No fundo, não se está a viajar por lugares, mas sim por pessoas”.
O documentário de Victor Lopes percorre cinco países – Brasil, Portugal, Moçambique, Índia e Japão – para mostrar como se fala o português ao redor do planeta. “Língua” está repleto de diálogos sutis entre os personagens. Um exemplo: Saramago reclama que o vocabulário das pessoas está ficando tão reduzido que em breve o homem irá se declarar à mulher com grunhidos. Corta para o pastor Márcio Freitas, que se contrapõe à tese do escritor usando um vocabulário solene e prolixo, apesar de seu pouco tempo de estudo. Mais à frente, Dinho também desmente Saramago. Ao falar sobre a gravidez da namorada, ele dá a declaração mais tocante do filme e mostra que não desconhece o poder da metáfora: “Plantei uma árvore, mas não tenho água para regar”.
Mas o interesse do filme não está apenas no conteúdo das entrevistas, mas também na riqueza dos sotaques. É um filme para ser ouvido com a mesma atenção com que é visto.
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