Sobrevivi à famosa gripe de outono que derrubou meia Lisboa. Mas foi uma luta e tanto. Ainda sobrou uma tosse meio dramática, que quando ataca me faz pensar na Violetta, no último ato da La Traviatta. Parigi ó caro...
Mas a função desta redatora é manter todos vocês informados, então vamos ao que interessa:
Momento Portugal Moderno
Ainda o caso do Panteão Nacional. Quem autorizou o evento do lançamento do Harry Potter foi o IPPAR (Instituto Português do Patrimônio Arquitetônico). O Ippar enviou comunicado à imprensa dizendo que não foi posta em causa a dignidade do monumento, diz que foram cumpridas "as condições, critérios e procedimentos em vigor" no instituto - que decorra fora de horas de visita e seja condicionado às áreas que não correspondem à sua função específica. Ponto. O deputado socialista que começou a gritaria toda não aceita os argumentos do IPPAR e entregou na Assembléia da República um requerimento pedindo explicações ao governo. A opinião pública divide-se: há os que dizem que o Panteão é uma espécie de cemitério e que realizar um evento no local é o equivalente a profanar um túmulo. Há os que não vêem nada demais, que acham até bom que as crianças tenham ido visitar o Panteão. Agora todos se irritam com a quantia cobrada pelo IPPAR (o Patrimônio Histórico daqui). Mil euros. Todos concordam e acham que cobraram “muito pouco” e o deputado esbraveja “houve maracutaia!” (na verdade ele disse “cunha” mas eu traduzi). E eu fico com a impressão de que nunca se acerta em Portugal. Tenho certeza que se o IPPAR tivesse cobrado 50 mil euros, todos também estariam gritando “Nossa! Muito! Alguém levou uma parte nisso!”
Momento Portugal Moderno 1
José Saramago, anunciou em uma entrevista que a sua próxima obra terá o título de “Ensaio sobre a lucidez”. Segundo ele, será um livro “político” e acrescenta com ar tranqüilizador, “que os políticos estejam tranqüilos: não há retratos, nem aparecem na história”. Pergunta a entrevistadora: “Mas deverão ler o livro? Aprenderão com o livro?”. Resposta de Saramago: “Se não conseguirem aprender com aquilo que o livro diz, então estamos perdidos quanto à possibilidade de ter um dia algum político que valha a pena.”(sic) É um fato: Saramago continua sendo um poço de humildade e modéstia. É de dar pena o modo como ele não se leva a sério.
Momento Portugal Moderno 2
Ainda O Meu Pipi. A polêmica em torno do site, do personagem e da obra continuam. Agora a polêmica deve-se ao fato de que os arquivos daquele que é o blog mais famoso de Portugal foram apagados. Em outras palavras: “Querem ler? Comprem o livro.” A atitude não me espanta já que há uma editora envolvida que, sem dúvida alguma, quer preservar o seu lucro. Mas, pergunto eu, isso não é contraditório? Afinal de contas, o Pipi ficou famoso na Internet, recebe mais de mil visitantes diários, é um sucesso de vendas, precisava tirar os arquivos do site? Sem falar que o próprio autor diz no site: "Por mim, nem o vendia. Dava-o." Ninguém pensou que num meio tão veloz como a Internet alguém pode simplesmente digitalizar as páginas do livro e colocar num blogue pirata?
Momento Portugal Moderno 3
Ora vivas, o L'Express publicou (16.10.2003) um artigo fantástico sobre Lisboa e Portugal chamado "Lisbonne Nouvelle Vague” (http://www.lexpress.fr/voyages/dossier/europe/dossier.asp?ida=407850). E eu fiquei esperando ver a mídia promover o artigo, e... ninguém disse nada. Nada nas primeiras páginas do jornais e nenhum destaque nas aberturas dos telejornais. O L'Express elogiando a excelência da criatividade portuguesa, o prazer que é viver Lisboa e ninguém fala nada... O presidente diz que a auto-estima do país está baixa e a mídia simplesmente ignora um artigo positivo. Eu não entendo...
Momento Portugal Moderno 4
Mais uma Nossa Senhora a chorar. Será que algum dia alguém vai ver uma Nossa Senhora sorrindo, cantando ou dando umas rodopiadas, só para variar?http://jornal.publico.pt/2003/10/30/LocalPorto/LP52.html E o ocorrido me fez lembrar do caso da santa no vidro na janela do ano passado aí no Brasil. Estamos em pleno século XXI e a falta de bom senso é abundante nos dois lados do Atlântico... Fé é uma coisa, credulidade é outra...
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